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Uma garapa para adoçar as narrativas

Por Amana Dultra

O Coletivo Garapa é composto pelos fotógrafos e jornalistas Leo Caobelli, Paulo Fehlauer, Eduardo Ducho e Rodrigo Marcondes. Formado em 2008, o grupo se propõe a explorar colaborativamente narrativas visuais através de diversas linguagens, experimentando principalmente o ambiente digital. Seu mais importante trabalho é o projeto Morar, que surgiu a partir da ordem de despejo, em 2008, e posterior à demolição dos prédios paulistanos São Vito e São Mercúrio, localizados até então em frente ao Mercado Municipal. Financiado através da plataforma Catarse.me, um site de crowdfunding (financiamento coletivo e colaborativo), o principal objetivo do Morar é trabalhar com as memórias dos moradores e do próprio espaço. Em um primeiro momento foi feita uma série fotográfica documental com os moradores que permaneceram no prédio após o prazo dado para a desocupação.

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Fotos do ensaio fotográfico Morar

Antes da demolição dos prédios, em 2011, o Garapa retomou o projeto utilizando diversas abordagens da linguagem fotográfica, diversas técnicas e poéticas e diversos formatos e suportes, construindo uma rede de múltiplos discursos, típica da discursividade digital.

Na exposição era possível encontrar a construção de um vídeo, no qual uma foto panorâmica do prédio se sobrepõe gradualmente a outra após a demolição, dando o efeito de desaparecimento às construções; uma instalação com as ferragens dos escombros do prédio; um jornal com a história do projeto, dos prédios e dos moradores em fotos e textos; e três séries fotográficas: uma com os escombros do prédio, dando a elas um sentido arqueológico, outra onde de retratos dos antigos moradores foram impressos e refotografados no terreno baldio onde antes existiam os prédios e ainda uma série de daguerreótipos (técnica fotográfica do século XIX) com objetos afetivos deixados durante a expulsão dos moradores resistentes.

Azulejos dos antigos prédios

Azulejos dos antigos prédios

Daguerreótipos de objetos esquecidos

Daguerreótipos de objetos esquecidos

Fotografia de moradores refotografadas

Fotografia de moradores refotografadas

Vídeo fotográfico com antes e depois dos prédios

Na palestra Com a palavra o fotógrafo, ministrada na Faculdade de Comunicação em março deste ano, Paulo Fehlauer explicou que “o objetivo destas experiências é expandir o campo no qual a fotografia está inserida”. O Morar é um interessante exemplo de projeto multiplataforma e serve como inspiração para os que desejam levar ao limite as possibilidades das narrativas digitais.

Para entrar em contato com o Garapa acesse: http://www.formspring.me/garapa.